A segunda vida das máquinas florestais
A renovação dos equipamentos prolonga o seu tempo de vida útil, aumentando a disponibilidade técnica com impacto direto na produtividade das operações.
O parque de máquinas de exploração florestal é composto, sobretudo, por equipamentos que são adquiridos usados. A idade média destes equipamentos excede a dezena de anos, tendo ultrapassado o seu tempo de vida útil, ou seja, aquele em que o equipamento se apresenta acima de um valor de disponibilidade que o torna operacional e economicamente viável.
Tal como em alguns países do leste da Europa, nomeadamente na Polónia e nos Países Bálticos, Portugal tem capacidade técnica instalada que procede à renovação destas máquinas, conferindo-lhes um novo período de vida útil. Este facto, juntamente com a importação direta de máquinas usadas e novas tem respondido à crescente procura da mecanização das operações, fazendo face à crescente escassez de mão-de-obra no setor.
No caso das processadoras florestais (harvesters), a complexidade técnica destes equipamentos acarreta maior planeamento da manutenção preventiva e corretiva por parte das empresas. A estas máquinas cabe a produção de rolaria e de biomassa, num fluxo capaz de manter as operações de exploração subsequentes, de rechega e transporte.
A instalação de cabeças processadoras novas em máquinas-base usadas, sejam elas de rastos ou rodas, conduz precisamente a esse objetivo: os empresários florestais conseguirão dispor de uma processadora renovada com os mais recentes modelos de cabeça processadora e sistemas de medição, com todas as vantagens de acompanhamento e conectividade que daí advêm, sem terem de investir num equipamento novo completo.
Maior produtividade das operações
Com todas as condicionantes existentes em termos de valores pagos pelos serviços mecanizados e dos correspondentes custos operacionais, fixos e variáveis, sendo também conhecidas as limitações da esmagadora maioria das empresas do setor no recurso ao crédito e às subvenções existentes, a renovação dos equipamentos de exploração florestal torna-se uma decisão fundamental para prolongar o seu tempo útil de vida, aumentando a disponibilidade técnica com impacto direto na produtividade das operações de colheita.
Acredito que esta decisão de renovação e modernização das máquinas, a par com a formação dos operadores (ação essencial para que se consiga, no mais breve período de tempo, obter a rentabilidade máxima, com o devido reconhecimento das normas ambientais, de higiene e segurança), seja o caminho a seguir para se obterem ganhos de produtividade necessários nesta atividade de exploração florestal, quase sempre tão esquecida e tão fundamental na cadeia produtiva de que faz parte. Se esta medida for acarinhada pela indústria e pelas escolas do setor, estabelecerá trocas de conhecimento que até agora são inexistentes no nosso país, com reflexo no sucesso das operações e no desenvolvimento dos equipamentos.
Aspetos a considerar na renovação dos equipamentos:
- Uma máquina usada tem custos de capital mais reduzidos.
- Uma máquina usada, com mais tempos de paragem, implica maiores perdas de rendimento.
- Os custos de manutenção e de reparação aumentam gradualmente com a idade da máquina.
- O investimento numa cabeça processadora de um modelo que dispõe da última tecnologia disponível, aplicada numa máquina-base renovada, aumenta a disponibilidade técnica do conjunto para um nível próximo do de um harvester novo (gráfico I).
- Durante o período de garantia, parte substancial dos custos de reparação são suportados pelo fabricante.
- O aumento dos custos de capital será compensado pelo aumento da produtividade e menores custos de manutenção.
- Os proveitos vão, em muitos casos, aumentar para níveis de um equipamento novo completo (gráfico II).
Texto da autoria de João Pedro Martins, administrador da Generiparts Lda.