A UNIÃO FAZ A FORÇA NO BAIXO VOUGA

Pedro Ferreira não esconde o orgulho quando visita o seu terreno florestal em Castanheira do Vouga, uma pequena freguesia nos arrabaldes do concelho de Águeda, em plena região do Baixo Vouga. O produtor florestal é um dos 12 proprietários que constituíram a primeira Área Florestal Agrupada (AFA) do Baixo Vouga, a AFA da Panasqueira – um modelo de gestão integrada de um conjunto de 15 parcelas (um total de 11 hectares), onde as pessoas esqueceram as estremas e os marcos dos seus terrenos para se juntarem num plano coletivo de exploração florestal que garante maior rentabilidade.

“O aumento da dimensão das áreas a explorar facilita a adoção de boas práticas de silvicultura. Aqui fazemos uma plantação de eucalipto pensada, estudada, respeitando linhas de água e todos os outros elementos que têm de ser respeitados”, explica à Produtores Florestais Pedro Ferreira, um dos impulsionadores deste projeto que, com o apoio da Associação Florestal do Baixo Vouga (AFBV), pretende ser uma solução para a floresta de minifúndio que caracteriza a propriedade rural no Centro e Norte de Portugal.

“Isto é como uma gestão de condomínio e a melhor forma de podermos aspirar a tirar alguma rentabilidade da floresta”, diz Pedro Ferreira. 

“Isto é como uma gestão de condomínio. Fazemos uma reunião anual e adjudicamos trabalhos no terreno, que podem ser executados por alguns dos aderentes da AFA e são remunerados por isso”, adianta o produtor florestal, convicto que “esta é a melhor forma de podermos aspirar a tirar alguma rentabilidade da floresta”. “Investimos durante 10/11 anos na floresta para colher algum rendimento, mas é preciso que ela lá chegue sem arder.” O produtor sabe bem do que fala, pois foi precisamente o fogo que quase o fez desistir da floresta.

Depois do fogo… a união

Em agosto de 2016, um incêndio que lavrou no concelho de Águeda, estendendo-se por mais de 7 000 hectares, deixou rasto em Castanheira do Vouga. Pedro Ferreira foi um dos pequenos proprietários afetados, mas não demorou a encontrar força para deitar de novo a mão à floresta. Desta vez, com a ajuda de Henrique Oliveira e Paulo Cyhlar, proprietários de pequenas parcelas vizinhas à sua. Os três decidiram juntar os seus terrenos e, mobilizando mais vizinhos, dinamizaram a criação da AFA da Panasqueira, projeto que arrancou em 2017 e avançou para a plantação (em março de 2018) seis meses antes da formalização do contrato de gestão coletiva.

“Em áreas maiores passamos a ter assessorias técnicas que o pequeno produtor normalmente não tem”, explica Pedro Ferreira, defendendo a cultura ordenada do eucalipto. “É muito diferente cultivar eucalipto, com regras e onde é mais adequado, do que ter eucalipto a crescer em qualquer lado e de qualquer forma. E, desta forma, ainda estamos mais salvaguardados dos vizinhos que não cuidam dos seus terrenos.”

Mais rendimento e maior poupança

O entusiasmo dos proprietários da Área Florestal Agrupada da Panasqueira – projeto que já mereceu destaque no programa “Faça Chuva Faça Sol”, da RTP2 – justifica-se pela expectativa de ganhos substanciais com a gestão em conjunto da floresta: um aumento superior a 60% da produtividade do terreno e uma poupança de cerca de 20% nos custos dos trabalhos florestais. A AFA está plantada em 80% com eucalipto, integrando nos restantes 20% uma rede de infraestruturas que serve a plantação, nomeadamente caminhos e acessos para melhor circulação de máquinas e veículos, a proteção de uma linha de água e de um ribeiro, mas também áreas com espécies autóctones que garantem o enquadramento da paisagem e a manutenção de valores ambientais. A arborização destas áreas de conservação foi feita pelos próprios proprietários no final de 2018, com a plantação de carvalhos, freixos, castanheiros, azinheiras e medronheiros.

O modelo de gestão agrupada permite poupar cerca de 20% nas operações florestais, garantindo um aumento da produtividade superior a 60%. 

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