Alterações climáticas vão transformar a floresta
As árvores mais bem adaptadas às novas condições do clima irão ganhar terreno na futura paisagem florestal do continente europeu, segundo a “Foresta”.
As alterações climáticas estão a afetar as espécies vegetais, que, adaptadas a determinadas condições de clima, também enfrentam as ondas de calor, secas mais prolongadas e a irregularidade das chuvas. A resiliência da floresta está a ser posta à prova e previsões feitas pela Agência Europeia do Ambiente (EEA) apontam para uma evolução da floresta na Europa: as espécies mais bem adaptadas às novas condições climáticas irão ganhar terreno, enquanto as que suportam mal as atuais variações do clima irão sofrer uma redução nos espaços que hoje ocupam.
Este tema foi abordado na revista espanhola “Foresta”, que, analisando os mapas de variação estimada das espécies de folhosas (ou árvores de folha larga) e de coníferas (de folha em forma de agulha e que se mantém verde durante todo o ano) feitas pela EEA, conclui que as primeiras, com raras exceções como a azinheira, tenderão a perder área na Península Ibérica, ao contrário das segundas, que são mais adaptáveis aos novos tempos climáticos.
Previsões feitas pela Agência Europeia do Ambiente apontam para o aumento de espécies coníferas na Península Ibérica nas próximas décadas.
Este fenómeno é mais visível nas montanhas e no sudoeste, com as folhosas a sobreviverem melhor nas zonas do centro peninsular, e em algumas montanhas do norte, onde, no entanto, poderá haver alterações nas cotas de altitude da vegetação.
Segundo o autor do artigo, Álvaro Enríquez, engenheiro florestal e consultor e investigador da Universidade Complutense de Madrid, para a Europa Mediterrânica, “manter as florestas como são atualmente seria um erro que levaria a reduzir a sua resiliência e a sua capacidade de adaptar-se às alterações futuras”. O especialista considera ser importante uma gestão florestal que “favoreça uma composição específica rica e diversa, que permita uma evolução das florestas”. E conclui: “As espécies mais bem adaptadas às novas condições do clima irão ganhar espaço na paisagem, enquanto as outras irão ceder, mas a floresta manter-se-á: diferente, mas presente.”
Veja aqui os mapas de previsão da EEA.