Contamos consigo para ajudar os polinizadores
O projeto Polinizadores de Portugal desafia os cidadãos a observarem e registarem espécies para conhecer a sua abundância.
São abelhas, mas também pássaros, borboletas, morcegos, roedores, esquilos, répteis e moscas. As espécies polinizadoras são fundamentais no mundo em que vivemos, com enorme importância ecológica e para as populações humanas. Ao transportarem o pólen entre flores, possibilitam a reprodução de plantas e a formação de frutos e sementes. Globalmente, três quartos das culturas que produzem frutas ou sementes para consumo humano e 90% das espécies de flores silvestres dependem, pelo menos em parte, dos polinizadores, segundo os dados da FAO – Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura.
Em Portugal, onde existem mais de mil espécies de insetos que prestam este serviço ecológico, entre abelhas, abelhões, vespas, moscas, borboletas, escaravelhos e formigas, o projeto “Polinizadores de Portugal”, [hiperligação para https://www.biodiversity4all.org/projects/polinizadores-de-portugal] lançado em 2020 pela associação BioDiversity4All, convida os cidadãos a ajudar a conhecê-los melhor. E quem está em melhor posição para colaborar do que as pessoas que trabalham na floresta?
Basta ter uma máquina fotográfica ou mesmo só o telefone, para registar os polinizadores que visitam as flores. Depois, é fazer o upload das imagens no site, identificando a espécie da melhor forma que conseguir. A comunidade de utilizadores do site iNaturalist [hiperligação https://www.inaturalist.org/] validará a informação e realizará, quando necessário, uma identificação mais detalhada das espécies fotografadas. As imagens e os dados que introduzir ficam logo públicos.
Esta iniciativa Ciência Cidadã é organizada em parceria pelo Museu de História Natural e a Ciência da Universidade do Porto, o Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos (CIBIO-InBIO) e o Parque Biológico de Gaia. Pretende saber quem são os principais polinizadores nacionais, qual a sua distribuição no país, em que altura do ano visitam as flores, e perceber mais sobre a sua abundância e estatuto de conservação.
A plataforma tem registadas mais de 5.300 observações, de mais de 900 espécies, através de mais de 650 observadores. As espécies mais observadas são duas borboletas e uma vespa, estando a abelha-europeia (Apis mellifera), a mais conhecida das 200 espécies selvagens de abelhas existentes na Europa, em quarto lugar na lista.
As abelhas e o eucaliptal
Esta espécie está associada aos apicultores e à produção de mel e de outros produtos das colmeias. Um exemplo da forma como pode ser desenvolvida a relação simbiótica entre as abelhas e as florestas, nomeadamente de eucalipto, é o acordo que a The Navigator Company assinou com a Federação Nacional dos Apicultores de Portugal (FNAP), com o objetivo apoiar a atividade apícola e a biodiversidade. A empresa cede, a título gratuito, parcelas do seu património florestal para que os membros da associação possam instalar apiários.
As florestas de eucalipto são importantes para as abelhas no inverno, altura do ano em que estas árvores produzem flor em abundância, proporcionando-lhes alimento numa altura de maior escassez. O mercado tem apetência para o mel com origem no néctar das flores de eucalipto, considerado monofloral, pelo seu sabor mentolado e pelas propriedades balsâmicas, sendo utilizado para aliviar dores de garganta, tosse e sintomas de sinusite e de gripe.