Produção silvícola diminui em 2019
Dados do INE confirmam queda no volume e no valor nas contas da silvicultura em Portugal, sobretudo ao nível da cortiça e dos serviços.
O Valor Acrescentado Bruto (VAB) da silvicultura em Portugal diminuiu em volume (-6,5%) e valor (-4,2%) em 2019, tendo o seu peso relativo na economia nacional decrescido para 0,4%, o mais baixo desde 2009. Os dados são das Contas Económicas da Silvicultura (CES), publicadas em junho pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), que reveem os resultados provisórios das atividades de silvicultura e de exploração florestal de 2018 e avançam dados da balança comercial de 2020 dos principais produtos de origem florestal.
Em valor, a produção silvícola diminuiu 3,7%, com a influência determinante dos valores da produção da cortiça (-17,4%, em parte explicados pelas condições climatéricas) e dos serviços silvícolas (-4,7%).
Já o decréscimo no volume (-5,3%) tem origem na evolução negativa da generalidade dos produtos, excetuando a madeira para energia, que aumentou 12,6%, em resultado da atividade da indústria de pellets.
De recordar que, em 2018, se registaram acréscimos excecionais em volume de produção na generalidade dos produtos silvícolas, devido aos grandes incêndios florestais do ano anterior, o que também contribui para explicar a diminuição homóloga em 2019.
Carência de matéria-prima aumenta importações
Já na madeira, a produção total aumentou 4,1% em valor, com a madeira para triturar a retirar à cortiça o lugar de produto com maior importância relativa: aumentou três pontos percentuais em 2019.
Números do INE revelam que a madeira nacional é insuficiente, quer para a indústria da serração (sobretudo pinheiro-bravo), como para a indústria papeleira, que já importa 30% do seu abastecimento.
A produção de madeira para triturar, matéria-prima da indústria de pasta de papel, usada também para produção de aglomerados, teve uma diminuição de 1,5% em volume, mas o aumento do preço fez crescer o valor em 3,8%.
O documento do INE assinala que o facto de Portugal ser detentor de uma indústria papeleira desenvolvida motivou um grande incremento da produção de madeira, sobretudo a partir de eucalipto, nos anos recentes. “No entanto, a disponibilidade de madeira nacional é insuficiente, representando as importações cerca de 30% do abastecimento da indústria.”
Também a madeira para serrar (constituída sobretudo por pinheiro-bravo) continua a revelar-se insuficiente como matéria-prima da indústria do setor, devido à redução da área de povoamentos. Como consequência, verifica-se o aumento da importação de madeira serrada, que agravou o saldo deficitário: -28,2 milhões de euros em 2019 e -32,7 milhões em 2020.
Balança comercial com saldo de €2,3 mil milhões
Os números do INE traduzem ainda a balança comercial apurada em 2020, cujo saldo excedentário dos produtos de origem florestal decresceu para 2,3 mil milhões de euros, face aos 2,6 mil milhões de euros de 2019. O excedente deve-se aos produtos industriais de origem florestal, uma vez que, em termos de materiais de origem florestal, Portugal é deficitário.
Os produtos à base de cortiça obtiveram um excedente comercial de 892 milhões de euros no ano passado, enquanto as exportações de materiais e produtos industriais de origem florestal mantiveram o peso relativo de 8,6% na exportação total de bens, num ano marcado pela pandemia da Covid-19.
Pode consultar aqui mais dados sobre as Contas Económica da Silvicultura, do INE.