Valorizar o capital natural e promover a economia rural
Helena Teodósio, presidente do município de Cantanhede, cujo território é 60% florestal, reconhece a importância da fileira.
Qual a importância da floresta no concelho de Cantanhede?
É muito importante, obviamente, tanto mais que 60% do território é florestal, o que, num concelho que é o maior do distrito de Coimbra, com cerca de 400 km2, representa muito, não só pela dimensão económica de toda a fileira da madeira, incluindo a vertente industrial, mas também pelo incontestável valor da floresta do ponto de vista paisagístico e de suporte essencial à conservação da natureza e à preservação da biodiversidade.
A espécie florestal com maior representatividade no concelho de Cantanhede é o pinheiro-bravo, que ocupa mais de 140 km2, logo seguido pelo eucalipto, com cerca de 78 km2, e, além da existência de várias indústrias transformadoras de madeiras, temos empresas com forte componente de inovação tecnológica que estão a produzir novos produtos a partir da resina do pinheiro, contribuindo assim para o incremento da cadeia de valor da silvicultura.
Por outro lado, o turismo em espaços florestais e naturais está a adquirir uma expressão crescente, através de projetos que apostam na exploração de todo o potencial dos recursos naturais e paisagísticos para proporcionarem atividades de lazer e experiências singulares, o que reverte também para a dinamização económica e social das comunidades locais.
Perante a pequena escala da propriedade, o que pode a autarquia fazer para incentivar boas práticas de gestão?
Como na maior parte do território do norte e centro de Portugal, também em Cantanhede a pequena propriedade florestal é dominante, o que na verdade dificulta a implementação das boas práticas de gestão florestal e a rentabilização dos investimentos.
A Câmara Municipal assume que tem uma importante função a desempenhar a esse nível e por isso tem atuado no sentido de mobilizar os proprietários para a adoção de boas práticas de gestão florestal, incluindo medidas de salvaguarda contra os riscos de incêndios florestais.
Além disso, tem vindo a promover a gestão colaborativa e o trabalho em rede com entidades privadas e Organizações de Produtores Florestais.
Em parceria com a Organização Florestal Atlantis, foi elaborada uma proposta de constituição da Área Integrada de Gestão da Paisagem da Freguesia da Tocha, que abrange 3.860 hectares.
Pode dar alguns exemplos concretos?
Recentemente, em parceria com a Organização Florestal Atlantis, foi elaborada uma proposta de constituição da Área Integrada de Gestão da Paisagem da Freguesia da Tocha. Esta abrange 3.860 hectares e já obteve parecer favorável da Direção-Geral do Território, estando a aguardar neste momento elegibilidade em futuras fases de financiamento.
A Área Integrada de Gestão da Paisagem da Tocha visa uma abordagem territorial integrada para dar resposta à necessidade de ordenamento e gestão da paisagem e de aumento de área florestal gerida a uma escala que promova a resiliência aos incêndios, a valorização do capital natural e a promoção da economia rural.
Sobre a atuação do Município de Cantanhede neste domínio, lembro ainda a reflorestação de mais de 1.500 hectares da área ardida do Perímetro Florestal das Dunas de Cantanhede, no âmbito de uma candidatura também elaborada pelo Gabinete Técnico Florestal.